Texto por Glauber Carneiro - Head da Casa de Valuation
A política monetária envolve ações que estão diretamente ligadas a moeda em circulação em um país, influenciando o seu valor de compra. Através de órgãos centrais, como o Federal Reserve nos Estados Unidos e o Banco Central no Brasil (Bacen), o governo adota medidas que visam controlar a oferta de moeda em circulação na sociedade, ou seja, sua liquidez. Em fevereiro de 2021 o Brasil avançou nas medidas monetárias a partir da lei 179/2021 onde foi implementada a autonomia do Banco Central, permitindo que o presidente da autarquia federal tome medidas com menos interferências do governo, estando menos suscetível as trocas de poder, medidas populistas e outras características que poderiam contribuir de forma negativa para os objetivos do Banco Central.
O Banco Central no Brasil é o órgão executivo das políticas monetárias, seguindo as normas tomadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), sendo esse o principal órgão financeiro do nosso país; é o CMN quem decide as metas de inflação passando a responsabilidade para o Bacen de agir com o intuito de atingir meta determinada.
Existem alguns principais meios do Banco Central agir para comprimir com as metas pré-determinadas, são elas: Open Market, taxa de juros, depósito compulsório taxa de redesconto e impressão de dinheiro.
O Open Market refere-se a compra e venda de títulos públicos no mercado, é o meio mais eficaz e rápido de diminuir ou aumentar a liquidez na sociedade; quando o Bacen quer agir de forma expansionista passa a comprar títulos no mercado, injetando uma maior liquidez, e opostamente, ao agir de forma contracionista, irá vender títulos no mercado, de modo a captar os recursos que estão disponíveis e reduzir a liquidez.
As taxas de juros são mecanismos utilizados visando o horizonte de longo prazo, dentro do Bacen temos o Comitê de Políticas Monetárias (COPOM), os membros do Copom reúnem-se a cada 45 dias para decidir a taxa de juros básica do país, a Selic Meta, a Selic irá influenciar todas as outras taxas de juros praticadas no território nacional, encarecendo ou barateando o custo para tomar dinheiro para financiamentos; ao elevar a taxa, o Copom espera diminuir a liquidez a partir do momento que ficará mais caro os empréstimos, financiamentos, etc.
Desde 1988 o setor bancário mundial passou por uma implementação, o acordo de Basileia. O acordo de Basileia determina que as instituições financeiras tenham um valor mínimo em caixa para se evitar um colapso financeiro, o que iria prejudicar a todos dentro de uma população; o depósito compulsório é um percentual de todos os depósitos feitos no Banco que são obrigados a serem mantidos em caixa, quanto maior for o depósito compulsório, menos dinheiros os bancos terão para ofertar aos seus clientes, logo, reduzirá a liquidez da moeda, sendo a recíproca também verdadeira.
Quando os bancos estão perto de terminar o dia e não têm dinheiro suficiente para fechar o caixa com os valores determinados pelo Banco Central ele terá duas opções: pegar emprestado com outros bancos ou pegar emprestado com o Banco Central; a taxa de juros cobrada pelo Banco Central nessa ocasião chama-se “taxa de redesconto”, então quanto maior for a taxa de redesconto, menos o banco irá querer depender dessa alternativa no fim do dia, tomando medidas mais cautelosas na multiplicação da moeda.
A impressão de dinheiro é uma alternativa utilizada em situações mais extraordinárias por conta de suas consequências; caso seja utilizado de forma demasiada pode haver sérios desgastes na economia e perder totalmente a inflação de controle, e uma vez perdida com o sentimento de expectativas inflacionárias difundido na sociedade, cria-se um cenário catastrófico de difícil reversão, como podemos ver o caso da Argentina atualmente.
Uma política monetária em um país é de extrema importância, pois, é através dela que controlamos (ou descontrolamos) o “imposto sobre os pobres”, ou seja, a inflação. É de suma importância o controle dessa variável para que um país possa progredir e desenvolver, quando temos um governo alinhado com o Banco Central e por outras políticas, como a fiscal, buscando manter a inflação na média, o Copom pode manter as taxas de juros mais baixas a fim de poder colocar as quantias saudáveis de moeda em circulação, dando incentivos para o aumento de produção, elevação dos projetos empresariais e consequentemente, do emprego, agraciando a sociedade.
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